Sim, tudo seria diferente se eu me desse com gente normal...

Agora que as festas se aproximam consegui finalmente algum tempo para pôr o cabelo cor de Inverno, que é como quem diz escurecer tanto beijo de sol e mar que todos os anos me aclara o cabelo até quase ser confundida com uma nórdica (not- vou parecer sempre mais marroquina que outra coisa qualquer); enfim, continuando, não gosto daqueles loiros e já se sabe que para corte e tintas só conto com o meu leal Joel (caramba, já são quase 20 anos de confiança e amizade!) e lá fui rumo ao Chiado (está lindo) para cortar, pintar, matar saudades e rir muuuuuito.

O Joel é bom tipo que é, mas quando se apanha de tesoura na mão fica em tal estado de concentração que desliga de praticamente de tudo o resto e por isso volta não vira eu falo-lhe em alhos e ele responde-me em bogalhos (já para não falar que os muitos anos que viveu em França que esfaralharam o português todo)

Bom, estava eu sentada já na cadeira de corte, depois de uma massaaaaaaagem de hidratação que pensei ter morrido e ido parar ao céu de repente, estava ele já de pente e tesoura na mão e eu lamentando-me de qualquer coisa que já não me lembro, quando ele lá do estado de transe em que fica quando de tesoura na mão, me responde:

- Pois, dá Deus pernas a quem tem dentes!

O pior é que já eu estava lavada em lágrimas a tentar explicar-lhe que o provérbio não era assim e, juro, tive que lhe tirar a tesoura da mão, para que ele baixasse à terra e percebesse o disparate que tinha dito!

Nota: embora fique neste estado com uma tesoura não mão, asseguro-vos que não tem cá manias de vedeta de fazer cortes artísticos e é por isso que há tantos anos confio nele, e como se comprova pela minha trunfa na foto acima, o rapaz é mesmo bom!