Sei que não me fica muito bem dizer isto mas em regra,
estou-me a borrifar para os museus.
Se em Nova Iorque vi o MoMa, o MET e o de história natural
(AMNH) e se na Hungria fiz questão de visitar a biblioteca de Kalocsa e em
Budapest não dispensei o Museu do Holocausto, já na Holanda apenas vi o de Van
Gogh (confesso que tentei ir ao Mauritshuis ver a miúda com o brinco mas estava fechado
para obras) e em Roma disto dos sitios onde têm as obras armazenadas, apenas o
vaticano me viu a cor dos olhos.
Em Espanha e França então não fui a nenhum (também é
verdade que a Garcia y Ortega em
Madrid e a Faubourg Saint Honoré em
Paris não me deixam muito tempo livre).
Sou uma bruta?
Pois se calhar sou, mas a verdade é que não gosto nada
de andar ao molho atrás da multidão a ver armazéns de antiguidades.
Prefiro vê-las e estudá-las nos livros, documentarios
e na internet (abro aqui um parentesis para algumas excepções: como poderia eu
sentir a comoção que senti frente à Pietà se não tivesse a pedra lisa e macia à
minha frente? Se não a pudesse contornar 360º e observar aquele rosto de Maria
onde se condensam várias mulheres na sua dor; a amante, a mulher, a mãe…todas e
uma só, chorando a sua perda; perfeição arrancada à pedra).
Se acaso me apanharem numa destas incursões é fácil
identificarem-me; serei aquela que se detém apenas por um ou dois segundos
frente a cada obra, a que reclama do calor, a “agoniada” por ver tanto basbaque
de mochila às costas e auscultadores nos ouvidos, olhando, a maior parte deles
com ar de boi para palácio, a que se indigna ao ver a fila para tocar no
pezinho do santo (como o pé de S. Pedro na Basilica de S. Pedro em Roma) já
desfeito por tanto afago.
Vem isto a propósito da visita que fiz recente (não
podia dizer não) ao Escher en Paleis (mostra de Escher no Het Paleis em den
Haag).
Está a colecção num antigo palácio em Haia; traça bonita, tectos altos, frescos nas paredes,
soalho em tábua longa; e foi mesmo o soalho que me prendeu a atenção.
Chusmas de gente para entrar, mais de 100 mil já viram
a exposição; a cada passo meu, e eu nem peso tanto assim, oiço o soalho ranger e
lembro-me do pé de S.Pedro e da Pietà (que acabou por ter se r protegida por um
cubo de acrilico anti-bala depois de um doido a ter atacado com uma picareta) e
temo pelos frescos das paredes e pelos vitrais…
Ná, recuso-me a fazer parte desta mole destruidora.
Para mim o importante é fazer como faço; obras de arte
nos livros, internet ou tv, e os países e sitios nos meus pés.
Sou feliz caminhando de mochila às costas conversando
e comendo à mesa com as gentes.
É assim que conheço o país.
Confirmo, contudo, que se pode ir ao Faubourg Saint Honorè de manhã e ao d'Orsay de tarde, a pé passando a Pont de La Concorde. Convém é não parar na Place Vendôme :)
ResponderEliminarQdo voltara Madrid va ver a menina de Velasquez pode que lhe caia uma lagrima como a mim.
ResponderEliminarO "antes prefiro" é a gozar, não é?
ResponderEliminarÉ que "antes prefiro" é tão mau quanto "ambos os dois". :/
Tem toda a razão!
Eliminartanto se brinca com a língua enquanto falante que bai a ber-se e óspois um dia saiem-se-nos destas.
Obrigada chu.
(já corrigido)
Cada um é como é, e viaja como quer e visita o que quer.
ResponderEliminarGeralmente viajo fora de época, pelo que é raro deparar-me com filas e hordas de turistas (a maioria não vê nada mas fotografa tudo!).
Mas p.e., sempre que vou a Londres, cumpro um ritual: entro no Museu Britânico, subo as escadas, vou directa à secção das múmias e faço o "Salvé Bastet" às três múmias felinas! :-) Há quem diga que eu sou doida, mas "I don't care"! :-)
Já eu gosto de visitar tudo o que conseguir (do que me interessa, claro).
ResponderEliminarBjokas*