Dia 31 de Dezembro do ano passado, ao finalzinho da tarde, quando me preparava para começar a cozinhar o jantar da passagem de ano, para não variar, dei conta de que me faltavam alguns ingredientes (sou mesmo uma cabeça d´atum), vesti o casaco , calcei as botas e rezei para que ainda houvesse um Albert Heijn ou HEMA abertos.
Havia ainda um, e estava cheio, cheio, porque afinal eu não sou a única cabeça d´atum ao cimo da terra; lá comprei o que precisava e dirigi-me, feliz e contente à linha de caixas que apesar da eficiência do pessoal que lá trabalha, parecia não mais acabar.
À minha frente estava um homem com um bebé num carrinho, bebé este com não mais de três meses; loirinho, de olho azul, boquinha cor-de-rosa, uma delicia!
Assim que me aproximei, o homem olha-me e vejo na cara dele aquele olhar arrelampado, que costumo fazer quando me lembro de alguma coisa que deveria ter trazido e não trouxe, e saiu da fila em direcção ao centro do supermercado para ir buscar o que quer que fosse de que se tivesse esquecido.
Para minha ENOOOOOOORME estupefacção deixa o carro com o respectivo bebé!
Durante alguns minutos, que a mim pareceram horas, ali fiquei, praticamente em estado de choque, a olhar para o bebé, e o bebé a rir-se para mim.
Foi o tempo suficiente para que o tigre-fêmea que há em mim acordasse do seu sono profundo.
Quando finalmente aquele pai voltou à fila das caixas e para junto do bebé, pus a unhas de fora, rugi, rosnei (até um safanão lhe dei) e basicamente perguntei-lhe se era maluco e se tinha esquecido de tomar os medicamentos? Se ele tinha noção do perigo que tinha corrido, da irresponsabilidade, da inconsequência, da estupidez do que tinha feito!
Respondeu-me que mesmo por saber isso tinha esperado que fosse uma senhora a chegar atrás dele à fila.
Uma senhora? Mas desde quando uma senhora é garante de não ser raptor?
Juro que não me conseguia calar! As filas, da minha e das outras caixas, estavam em silêncio e só a minha voz se ouvia (uma vergonha; é o costume quando me salta a tampa); todos os olhos postos nele.
Eu sei, porque também sou mãe e o meu filho também foi pequenino, que às vezes é preciso ir ali mesmo à prateleira do lado, que é preciso parar naquela loja e ele está a dormir tão bem no ovo que custa acordá-lo e é só num instantinho, que a conversa com aquela amiga que encontrámos e já não víamos há tanto tempo, está tão boa que nos distraímos um tudo nada, mas não, não pode ser!
É agarrá-los a nós com unhas e dentes!
É o nosso coração fora do peito que ali está; é a nossa Vida!
As merdas acontecem e não dá para facilitar!
Se vos parece exagero aquilo que estou a dizer, vejam aqui alguns exemplos do que falo.
Fizeste muitíssimo bem...eu faria o mesmo...acho que é um um terrores que me acompanha diáriamente...
ResponderEliminarjinhooooossss
O pior pesadelo de uns pais...
ResponderEliminarVinha cá a dizer isto mesmo... Uma vez numa feirinha acordei separar-me do meu homem. Ele ia ver as coisas de caça e eu ficava ali pelas peças de artesanato. Era o Jr. pequenino pequenino, de ovo ainda. Tiro a mão do carrinho para pegar numa pecita qualquer. O meu homem estava a chegar ao pé de nós e para-lhe o cérebro e afasta-se (pronto vá, deu três ou quatro passos) com o carrinho... É que nem consigo expressar o meu sufoco ao não sentir ali o carrinho. Aquilo foi um milésimo de segundo que eu mal levantei os olhos vi-os logo, mas caramba... Foi por um triz, mesmo mesmo por um triz, que eu não desatei ali histérica aos berros. Escusado será dizer que quase esbofeteava o meu homem ali mesmo. Ui... É que nem quero que me lembre que já me apetece ligar-lhe a disparatar...
Eliminaruma pessoa hj em dia com o stress nem se lembra de como deve reagir ou como se deve comportar.
ResponderEliminarPaulinha
As pessoas bloqueiam. Ninguém lhe passa pela cabeça nunca, que pode acontecer consigo....
ResponderEliminarFiquei doente. Principalmente porque já me desapareceu a miúda durante alguns minutos. 3 casais amigos com 5 crianças no supermercado. Eu a pensar que estava com o pai, ele a pensar que estava comigo. Com a confusão a miúda pisgou-se sem ninguém se aperceber. Nem 10 minutos foram, mas foram o suficiente para nos pôr a todos a cabeça a andar à roda, ainda hoje evitamos falar nisso. E quando vejo estas coisas fico agoniada. Não é dácil estar sempre de olho neles principalmente qunado são muito mexidos como os meus, mas basta um segundo de distracção. Por isso costumo dizer a partir do momento que somos mãe nunca mais temos sossego na vida.
ResponderEliminarNão é exagero nenhum! Todos os cuidados são poucos! As coisas acontecem a toda a hora e não é só aos outros!!
ResponderEliminarAté porque a maioria dos raptos a crianças são feitos por mulheres. Esse homem é realmente um atentado de pai! Meu Deus.
ResponderEliminarEste tipo de coisas aterroriza-me...e eu não tenho filhos!
ResponderEliminarPânico, pânico, pânico. Acho que sou bastante cuidadosa, mas não somos quase todos?
ResponderEliminarhá uns anos, teria pequena princesa uns 3 ou 4, cheguei ao parque infantil com ela (estava deserto) e eis senão quando aparece uma mãe com um bebe de meses (9 ou assim) e me pede para ficar com o bebé pois vai ali não sei onde, fazer não sei o quê. eu fiquei em estado de choque, e só pensei esta gente nunca ouviu falar de raptos? eu podia ter-me ido embora, ela estava longe, nunca me veria. eu jamais confiava um filho meu a um estranho, é que jamais!!
ResponderEliminarBrrrrrrrr (arrepio)!
ResponderEliminarÉ assim que começa aquele romance do Ian McEwan, "Sábado". Uma distracção de um pai num supermercado, a que vai num sábado de manhã. E o filho desaparece.
Em Portugal, as pessoas são paranóicas com as histórias de raptos. Na maior parte dos países europeus, as pessoas são mais relaxadas. É frequente ver na Alemanha, por ex, crianças pequenas a irem sozinhas para a escola. Sim, é verdade que há raptos, mas também sabemos que acontece muito raramente, a probabilidade é baixíssima.
ResponderEliminarlooool cristina, é mãe? a probabilidade "baixíssima" que refere significa que bastava, por ex, acontecer-me UMA vez para perder a minha filha, certo? vou continuar a ser paranóica, obrigada.
EliminarSim, na Inglaterra e noutros países ditos evoluidos também é normal os pais doparem as criancinhas para irem para a borga, e deixarem-nas sozinhas em casa no que aqui é considerado negligência, ainda bem que não somos tão "evoluidos" como eles.
EliminarTípico de Holandeses.. uma das coisas que mais me choca também é irem com os bebés que mal se seguram à frente na bicicleta SEM CAPACETE.
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