(continuação)
Depois de muito dar à perna lá chegámos à igreja que nos tinham indicado na recepção do hotel.
Ao longo do passeio estavam pelo menos 10 autocarros de turismo de onde desciam turistas, e mais turistas que, ordenadamente, formavam uma fila gigante que começava na porta da igreja, ainda fechada, e se estendia ao longo de todo o passeio e dava a volta ao quarteirão!
Fez-se-nos luz; o hotel tinhamos remetido para uma missa gospel para inglês (no caso tuga) ver!
Bolas! Não era isto que queríamos! Nós queríamos era "the real thing"!
Nesse momento passava por nós uma negra grande e com idade, seguramente, para ser nossa avó, com um vestido de cetim púrpura e chapéu de aba também púrpura:
- Hello, can you help us, please? Is this the blábláblá Church? But it seems to be just for turists…
Riu-se com um riso franco que lhe fez estremecer as carnes (oh Deus e quanta carne ela tinha) e convidou-nos a acompanhá-la até à sua igreja.
Lá fomos felizes e contentes.
Lá dentro já estava muita gente, negros maioritariamente, que nos receberam com sorrisos de boas vindas, nos mostraram onde estavam os livros e nos disseram que os marcadores já estavam na página certa para que todos pudessem acompanhar o sermão.
Enquanto esperavamos apercebemo-nos que entravam alguns turistas que tinhamos visto na porta da outra igreja; faziam-nos sinais de que nos tinham seguido até ali porque também queriam ver "the real thing". Como todos os lugares do nosso lado já estavam preenchidos foram-se sentando do outro lado do corredor central.
Primeiro entrou o coro, que subiu para uma varanda; todos com túnicas púrpura.
Depois entraram quatro outros que se instalaram na lateral, de pé, junto aos microfones. Eram os solistas; eles de fatos púrpura (com lencinho e gravatas púrpura) sobre camisas brancas, elas colossais em vestidos de seda púrpura com grandes chapéus púrpura também.
Ao fundo, ao centro, seis cadeiras acolheram os pregadores e os oradores; no meio, na cadeira mais alta, sentou-se aquele que nos fez o acolhimento.
E devagarinho, baixinho, não mais do que um murmúrio, o coro começou a entoar uma melodia; sem palavras, só um hum, hum, hum…hum, hum…bomp, bomp, bomp… e asim ficámos embalados durante alguns momentos.
Depois o pregador levantou-se e dirigiu-se à audiência.
Deu-nos as boas vindas a todos naquele que era o primeiro dia do Advento (por isso estavam de púpura) e que era também o primeiro dia em que se voltava a celebrar missa naquele templo depois de muito tempo de obras por causa do incêndio que quase o tinha consumido.
Falou da importância daquele templo especifico na comunidade, por ter sido o primeiro templo afro-americano (mais de 200 anos).
Eu e a T. olhámos uma para a outra e sorrimos como quem diz "Boa! Vê lá a sorte que tivemos em acertar logo com esta".
Depois convidou-nos a fechar os olhos, rever todo o ano que estava quase no fim, rever todas as nossas acções, aquelas de que nos orgulhávamos e as outras onde poderíamos ter sido melhores; e ele falava numa voz calma e ponderada, conduzindo os nossos pensamentos; pediu-nos por fim que revissemos todas as bençãos recebidas e que as agradecessemos.
Por esta altura, de cabeça baixa, eu já tinha deixado que o cabelo me tapasse a cara para que nem a T. nem ninguém, vissem as lágrimas que me rolavam cara abaixo.
O silêncio era esmagador.
Só quando o pregador disse "Praise the Lord!" todos se levantaram (e eu vi o narizinho vermelho de choro da T.); rimos ambas.
Depois foi a loucura; desataram a cantar e a bater palmas e a incentivar-nos a cantar também.
Estavamos num frenesim, e de vez em quando o pregador dizia mais alguma coisa, que nem percebíamos, mas todos gritavam Amén!
E quando ele pediu que nos cumprimentassemos, todos nos abraçámos; os novos, os velhos, as crianças, com uma alegria tão infantil que eu senti o meu coração quase a explodir de Amor!
Mas isto foi antes de entrar a oradora…
(para continuar)
Depois de muito dar à perna lá chegámos à igreja que nos tinham indicado na recepção do hotel.
Ao longo do passeio estavam pelo menos 10 autocarros de turismo de onde desciam turistas, e mais turistas que, ordenadamente, formavam uma fila gigante que começava na porta da igreja, ainda fechada, e se estendia ao longo de todo o passeio e dava a volta ao quarteirão!
Fez-se-nos luz; o hotel tinhamos remetido para uma missa gospel para inglês (no caso tuga) ver!
Bolas! Não era isto que queríamos! Nós queríamos era "the real thing"!
Nesse momento passava por nós uma negra grande e com idade, seguramente, para ser nossa avó, com um vestido de cetim púrpura e chapéu de aba também púrpura:
- Hello, can you help us, please? Is this the blábláblá Church? But it seems to be just for turists…
Riu-se com um riso franco que lhe fez estremecer as carnes (oh Deus e quanta carne ela tinha) e convidou-nos a acompanhá-la até à sua igreja.
Lá fomos felizes e contentes.
Lá dentro já estava muita gente, negros maioritariamente, que nos receberam com sorrisos de boas vindas, nos mostraram onde estavam os livros e nos disseram que os marcadores já estavam na página certa para que todos pudessem acompanhar o sermão.
Enquanto esperavamos apercebemo-nos que entravam alguns turistas que tinhamos visto na porta da outra igreja; faziam-nos sinais de que nos tinham seguido até ali porque também queriam ver "the real thing". Como todos os lugares do nosso lado já estavam preenchidos foram-se sentando do outro lado do corredor central.
Primeiro entrou o coro, que subiu para uma varanda; todos com túnicas púrpura.
Depois entraram quatro outros que se instalaram na lateral, de pé, junto aos microfones. Eram os solistas; eles de fatos púrpura (com lencinho e gravatas púrpura) sobre camisas brancas, elas colossais em vestidos de seda púrpura com grandes chapéus púrpura também.
Ao fundo, ao centro, seis cadeiras acolheram os pregadores e os oradores; no meio, na cadeira mais alta, sentou-se aquele que nos fez o acolhimento.
E devagarinho, baixinho, não mais do que um murmúrio, o coro começou a entoar uma melodia; sem palavras, só um hum, hum, hum…hum, hum…bomp, bomp, bomp… e asim ficámos embalados durante alguns momentos.
Depois o pregador levantou-se e dirigiu-se à audiência.
Deu-nos as boas vindas a todos naquele que era o primeiro dia do Advento (por isso estavam de púpura) e que era também o primeiro dia em que se voltava a celebrar missa naquele templo depois de muito tempo de obras por causa do incêndio que quase o tinha consumido.
Falou da importância daquele templo especifico na comunidade, por ter sido o primeiro templo afro-americano (mais de 200 anos).
Eu e a T. olhámos uma para a outra e sorrimos como quem diz "Boa! Vê lá a sorte que tivemos em acertar logo com esta".
Depois convidou-nos a fechar os olhos, rever todo o ano que estava quase no fim, rever todas as nossas acções, aquelas de que nos orgulhávamos e as outras onde poderíamos ter sido melhores; e ele falava numa voz calma e ponderada, conduzindo os nossos pensamentos; pediu-nos por fim que revissemos todas as bençãos recebidas e que as agradecessemos.
Por esta altura, de cabeça baixa, eu já tinha deixado que o cabelo me tapasse a cara para que nem a T. nem ninguém, vissem as lágrimas que me rolavam cara abaixo.
O silêncio era esmagador.
Só quando o pregador disse "Praise the Lord!" todos se levantaram (e eu vi o narizinho vermelho de choro da T.); rimos ambas.
Depois foi a loucura; desataram a cantar e a bater palmas e a incentivar-nos a cantar também.
Estavamos num frenesim, e de vez em quando o pregador dizia mais alguma coisa, que nem percebíamos, mas todos gritavam Amén!
E quando ele pediu que nos cumprimentassemos, todos nos abraçámos; os novos, os velhos, as crianças, com uma alegria tão infantil que eu senti o meu coração quase a explodir de Amor!
Mas isto foi antes de entrar a oradora…
(para continuar)
És das minhas! Acho um piadão a religiões e tenho muita curiosidade de ver como funciona a fé de cada um. Já fui à católica, maná, budista e evangélica.
ResponderEliminarAdorava assistir a uma missa dessas, e ver um autêntico coro Gospel
ResponderEliminarPraise the Lord!!!
continua rápido :p
ResponderEliminarcontinua rápido :p
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