Zuuuuuuuca, voooooolta! Abandonar assim uma pessoa não é uma atitude cristã!

E é sentada num banco de jardim que vos escrevo…
Ao frio, na sombra, como vagabundo sem eira nem beira, aqui estou eu, expulsa da minha própria casa…
"E como chegaste tu a isso Sexinho?", oiço-vos a perguntar em coIro.
É simples…a zuca atravessou o oceano para passar a quadra em familia e deixou-me aqui a Lurdes.

Hoje é o primeiro dia (e temo que o último) da Lurdes cá (lá) em casa e eu quis cá (lá) estar para a orientar, mas desde manhã que só oiço BONKS, TUMPS, PERLIIIIIM, CATRAPUM, PUMBA, CATAPUM  e "ai, desculpe, que é falta d´hábito",  e eu afinal é que me sinto completamente desorientada.

Já conseguiu desmontar o intercomunicador, limpar o espelho da minha casa de banho com o WD4 (confundiu com o liquido para não deixar embaciar o espelho) e fui dar com ela de gatas a puxar brilho ao chão com o rolo de papel de cozinha (diz que não sabia onde estavam os panos - mas eu disse-lhe, eu disse-lhe)…

Olhando para os quadros nas paredes dir-se-ia ter aqui passado uma daquelas tempestades, muito brutas que têm nomes de mulheres (já há alguma que se chame Lurdes?), e sobre os móveis…bom…sobre os móveis, molduras, jarras, bibelots... é toda uma nova decoração…

A Lurdes parece-me estar por todo o lado, eu vou à cozinha e ela lá está, eu vou à sala e lá está ela a sacudir qualquer coisa, entro no quarto do miúdo e ela sai-me de escadote em punho, ; a cadela está assustada, os gatinhos escondidos, e eu, que até me sinto azamboada, não havendo onde me esconder em casa, vim para a rua apanhar ar.

Passou agora mesmo uma amiga que me perguntou que fazia eu aqui de computador ao colo; depois de ouvir a odisseia perguntou-me se não seria melhor ir para casa, se não tinha medo do que ia encontrar quando lá chegasse.
Na verdade não, tenho é medo de lá estar agora.
Que se lixe a casa!