Com o rei na barriga

Este senhor, com o seu automóvel (um daqueles de barão da caliça), ocupava as duas faixas; vinha plantado no meio da estrada e em passo de caracol.
Os outros carros buzinavam-lhe mas ele fazia ouvidos de mercador e mantinha-se na sua, ocupando as duas faixas.
Um condutor conseguiu ultrapassá-lo e foi vê-lo (ao primeiro) a acelerar para dificultar a passagem; ao mesmo tempo buzinava e gesticulava e abriu o vidro para gritar uns quantos impropréprios ao prevaricador que farto de estar atrás dele o ultrapassou.
Quando o semáforo passou a vermelho, vi-me parada ao seu lado e aí percebi; este senhor devia de ter o rei na barriga!