Já não sei muito bem como ou porquê (não guardo uma memória assim tão nitida) mas cresci com o pânico de uma guerra nuclear, da bomba atómica, da bomba de neutrões, e do fim do mundo.
Os russos e os americanos sempre à chapada um com o outro, deixavam imaginar o pior.
Na televisão volta não vira alguém previa o fim do mundo; ora havia de ser por causa da passagem do cometa Halley, ora por causa da chuva de estrelas (não o programa de televisão que esse só chegou mais tarde), ora havia de ser por outra coisa qualquer (já não me lembro que querem, a pessoa já está velhota e esquece-se).
Certo é que muito Serenal tomei à conta disto e andava sempre com os nervos em franja.
Nunca mais me tinha lembrado disto até que um dia destes, em casa de Querida Mãezinha, encontrei dentro de um armário do meu quarto, uma bolsinha de tecido xadrez; a minha bolsa de sobrevivência!
Pois que tinha enfiado na cabeça que caso a bomba não nos limpasse o sarampo a todos eu havia de conseguir prover a nossa subsistência pós-cataclismo e por isso, todo o dinheiro que ganhava das tias e dos pequenos trabalhos remunerados que fazia era investido em sementinhas (que ia comprar à Praça da Figueira) e guardado religiosamente na bolsinha de pano xadrez (há malucos para tudo).
Encontrei as sementinhas engelhadas, secas, velhinhas e, inevitavelmente, enterneci-me com elas e não fui capaz de as deitar fora... quem sabe não serão ainda capazes de gerar vida?
Acho que as vou levar para a cottage e lá tentar plantá-las com carinho.
(para quem não tem sementinhas mas gostava de plantar aqui deixo um manual em que tropecei por estes dias)
Nunca mais me tinha lembrado disto até que um dia destes, em casa de Querida Mãezinha, encontrei dentro de um armário do meu quarto, uma bolsinha de tecido xadrez; a minha bolsa de sobrevivência!
Pois que tinha enfiado na cabeça que caso a bomba não nos limpasse o sarampo a todos eu havia de conseguir prover a nossa subsistência pós-cataclismo e por isso, todo o dinheiro que ganhava das tias e dos pequenos trabalhos remunerados que fazia era investido em sementinhas (que ia comprar à Praça da Figueira) e guardado religiosamente na bolsinha de pano xadrez (há malucos para tudo).
Encontrei as sementinhas engelhadas, secas, velhinhas e, inevitavelmente, enterneci-me com elas e não fui capaz de as deitar fora... quem sabe não serão ainda capazes de gerar vida?
Acho que as vou levar para a cottage e lá tentar plantá-las com carinho.
(para quem não tem sementinhas mas gostava de plantar aqui deixo um manual em que tropecei por estes dias)
Eu vi o filme "The Day After" e lembro-me, tão bem como se tivesse sido ontem, do acidente na central nuclear de Chernobyl e da nuvem radioactiva sobre a velha Europa, mas devia ser uma inconsciente do caraças porque nunca temi uma guerra nuclear...
ResponderEliminarQue estranho uma jovem com este tipo de medo e consciencia. Mas a tua ideia é bem madura e bonita.
ResponderEliminarUau... nunca tive sementes mas imagino a tua emoção ao encontrar isto.
ResponderEliminarOh, que querida! A guardar sementinhas de sobrevivência! Apetece encher-te de beijinhos.
ResponderEliminarEu às vezes também descubro umas relíquias de quando era miúda escondidas lá pela casa dos meus pais. Por exemplo, cartas para amigas imaginárias ou cartões de dias que eu própria inventava (Dia da Amizade, Dia dos Filhos, etc. - que o Dia da Mãe e do Pai não me chagavam para vazar a criatividade)...:)