Tragam-me aí o catálogo se faz favor, que eu assim não estou a ver...

Só para situar as coisas; eu tenho o meu mui amado cabeleireiro de há, pelo menos, 455 anos, onde corto e faço cor, e neste as assistentes não tugem nem mugem, os cabeleireiros conhecem-nos de toda a vida e não fazem conversa parva, e as clientes falam baixinho enquanto folheiam as Harpers Bazar, Vogue, etc (e isto também pode ser um tédio); depois, há uma miríade de pequenos salões (que ninguém chame àquilo "cabeleireiros" que as donas assanham-se logo; diz-se salão, perceberam, salão), continuando, dizia eu, há uma miríade de pequenos salões onde apenas lavo e penteio o cabelo e onde me divirto perdidamente!

Como no Sábado, dia do meu aniversário, queria ter a piruca compostinha, lá fui eu a um destes piquenos salões.

Estava já mesmo de saída, e sem nada de memorável para vos contar, quando aparece uma reboluda de metro e meio (nada contra gente baixinha e rechonchuda, ok, Querida Maezinha também é, e eu adoro-a; cá beijinho bom), saia justa mais do que a conta, decote generoso, em cima de umas tairocas que desafiavam a gravidade, lábios muito vermelhos, e larga este miminho:

Reboluda - Estou um bocadinho cansada de ver o cabelo assim todo cheio de brancos e gostava de o pintar...

Cabeleireira lá da preferência da Reboluda - E já pensou de que cor vamos pintar?

Reboluda- Eu gostava assim de um PRETO CLARINHO...