Todas as casas por aqui têm o seu "boy".
O "boy" é em regra um filipino, indiano ou paquistanês que vem a casa oferecer os seus serviços.
E o que faz o "boy"?
O "boy" faz tudo o que se lhe peça (jardinagem, faxina da casa, etc) desde que tenha sido contratado para isso e, vá, que entenda o que se lhe diz.
Antes de começaram já para aí a bater no ceguinho, deixem-me esclarecer que estes "boys", todos os "boys", imigram para aqui para trabalhar e não sendo qualificados estes são os trabalhos que procuram e assim junta-se o útil (um precisa de serviços e outro de ganhar dinheiro) ao agradavel (fica tudo feitinho).
Ora acontece que os "boys" têm uma forma de trabalho algo diferente do que nós conhecemos; o "boy" aparece e começa a trabalhar e de repente, já à porta, com um grande sorriso diz "Ma´m have to gó. Émérgénci" e antes que uma pessoa tenha tempo...foi-se!
E fica a coisa a meio!
Qual "Émérgénci", qual quê! Os tipos acumulam trabalhos em varias casas e depois vão um bocadinho a cada uma e raspam-se para outra (passado uma hora regressam)!
O "boy" é baixinho, logo os sitios altos não existem, logo não são limpos!
O "boy" não lava o chão de mangueira mas parece; mergulha a esfregona no balde, saca-a com grande aparato e aqui vai disto que amanhã não há! Fica um chão tão bonito que poderíamos usar galochas e criar peixinhos!
O "boy" fica feliz quando se lhe compra o spray para os móveis que tanto pediu; vai contente pela casa fora, borrifando tudo indiscriminadamente, esteja o que estiver em cima dos moveis!
O "boy" ri-se muito porque o "plastic ma´m, plastic" da t-shirt ficou agarrado ao ferro de engomar!
E podia continuar ad eternum...
Pois bem, cheinha de paciência, aqui estou eu para ensinar, só que para tornar isto tudo ainda mais giro importa referir que o "boy" não fala inglês, o que não facilitando o diálogo tem no entanto uma componente de animação. Senão vejamos:
Exemplo:
Eu: Why didn´t you come yesterday?
Boy: (com um grande sorriso) No. No.
Eu: Why didn´t you come yesterday?
Boy: (com o mesmo sorriso) Noxteéd.
Eu repito devagarinho e ele abana-me a cabeça negativamente enquanto sorri.
E eu pergunto: you, not come (com a mão faço um gesto por cima da cabeça como se atirasse algo para trás de mim), why?
E faz-se-lhe luz!
Boy- No can, no can. Émérgénci.
E lá vamos nós outra vez!
E é por isto que me enfureço com o "boy"
Ps- Até parece que já estou a ouvir algumas alminhas por aí a insurgirem-se e a perguntarem " e porque não fazes tu isso? Tens de ter um boy?" e eu respondo placidamente "Tenho, porque eu efectivamente podia fazer (e faço enquanto o ensino) mas a ele faz-lhe falta o dinheiro, para enviar à familia que ficou lá no Paquistão!"
ah ah o que me ri! estou a adorar os teus relatos!
ResponderEliminarminha nossa que cena.
ResponderEliminarAcho que tenho de me pirar para aí e ir oferecer os meus serviços de girl. Pelo menos falo bom inglês ;)
ResponderEliminarhttp://fashionfauxpas-mintjulep.blogspot.com
eheheh... muito bom, fartei-m de rir com esta conversa!Noxteéd!!! lolololol... Eles sabem-na é toda!
ResponderEliminarFez-me lembrar uma que me contaram, vou pôr "alialém"
acredita Miss SX, que ele te etende MUITO melhor do que tu pensas... ;)
ResponderEliminarBemmm... é preciso paciência de facto! Eu é que não punha a minha roupitxa nas mãos do boy para ele passara ferro! :)
ResponderEliminarBj S
Se tu podes pagar, fazes tu muito bem... e ele tem de cumprir com o trabalho.
ResponderEliminarEle que se limite ao jardim...que facinorazinho, hein?
ResponderEliminarEnah enah, a tua paciência a ser testada e ainda lhe pagas, hehehe ;P
ResponderEliminarNão te sentes a sustentar a exploração humana? Ou ganham o justo?
ResponderEliminarPor aqui estamos a retornar á Idade Média. Está cada vez pior...
Beijinho e aproveita o Boy, por aqui não há, pelo menos que eu saiba.
Pérolazinha, vê a minha resposta à Xuxi, mais abaixo. <3
Eliminarque surreal :)
ResponderEliminarAhahhahahahahahahahahahaha maravilhoso! O boy parece uma empregada brasileira que, em tempos, tive. Podia parecer mais fácil por falarmos ambas a mesma língua. Acontece que isso era uma mera ilusão porque, na verdade, ela não percebia uma palavra do que eu dizia (e o pior, é que eu achava que sim). A gota de água foi no dia em que comprei um montão de gelados e lhe pedi para pôr no congelador. Como não conhecia a palavra (só conhecia geleira) guardou tudo, muito arrumadinho, na despensa... Oh boy... :DDD
ResponderEliminarEhehehehheeh ...calculo, ficou um requinte de sobremesa !!!
EliminarUm ex-funcionário do meu trabalho de nacionalidade do leste europeu,também percebia tudo, mesmo as brejeirices, mas quando fazia burrada, dizia sempre "non entende" ... ;D
geladeira! LOL
Eliminartens que ver mais novelas brasileiras! eu estou apta a relacionar-me com zucas ahah
Na Ásia e no Médio Oriente é normal ter empregados de países de terceiro mundo sub-pagos (o pagamento é ridículo, mas fazendo face às carências materiais no pais de origem eles sujeitam-se de bom grado) a fazer todo o tipo de tarefas domésticas, eu chamo-lhe o novo esclavagismo-caviar.
EliminarSei de casos onde as internas (Oriente) são espancadas habitualmente pelos patrões e castigadas a passar fome. E tudo isto é legal, porque consentido e á luz da cultura perfeitamente aceitável...
Tens toda a razão Xuxi; tenho também conhecimento de que isso acontece bastante na Ásia e Medio Oriente; deixa-me acrescentar que em Espanha também com os magrebinos sobretudo e infelizmente devo ainda acrescentar que em Portugal também com miudinhas cabo-verdianas e romenas que algumas madames vão buscar aos seus países de origem com mil e uma promessas de casa boa e educação.
EliminarDe vez em quando uma ou outra consegue fugir e assim se sabem as histórias de maus tratos e enganos. Por aqui, pelo compound, devo dizer que são livres de entrar e sair, têm as suas próprias casas, escolhem com quem querem trabalhar e ganham uma média de 700 SR por casa (cada um trabalha em média para 3/4 casas). Sabendo que o salário normal nos seus países de origem (se tiverem sorte) ronda os 500SR, é facil perceber porque vêm.
E, com o calor que aí está, essa alagamento do chão deve transformar a causa num banho turco em três tempos, não?
ResponderEliminarEu para resolver esse problema dos trabalhos domésticos, casei-me, a brincadeira sai-me é mais cara. :)
ResponderEliminaressa conversa quase parecia a minha na farmacia em roma para comprar halibut ou algo para a assadura das coxas ahah
ResponderEliminarAi que medo de conversa! Isso faz lembrar o meu guia turistico na Tailandia. Lol
ResponderEliminarAhahahah! Então na Arábia Saudita os empregados domésticos são apenas homens, é?!...
ResponderEliminarSim, só homens!
ResponderEliminarAs mulheres só agora começam a aceder ao mercado de trabalho. Supermercados, algumas lojas, hospitais...
:DD