quinta-feira, 27 de setembro de 2012

FAQ´S

Então bora lá responder às perguntas que me têm sido feitas mais frequentemente:

Estás aí de ferias? Já aí vou ter contigo.
A Arábia Saudita não tem turismo, logo não tem e não passa vistos turisticos.
Para aqui vir há que ter uma carta convite (carta de chamada) de uma empresa para trabalhar (homens) ou ser filha/mãe/mulher de algum homem que aqui esteja.

Porquê os testes médicos?
Bom, os testes médicos são uma obrigatoriedade para se conseguir o iqama (cartão de residente) que permitirá entradas e saídas do país com maior frequência (mesmo ainda em Lisboa foi preciso fazer exames médicos para me ser atribuido o visto para entrar no país).

E pode vestir-se bikini?
Na Arábia Saudita o uso de bikini ou fato de banho está interdito.
Existem dois tipos de praia; as de familia e as de homens.
As de familia só os casais e as crianças podem frequentar (sendo que o homem e as crianças do sexo masculino se banham e as mulheres e as meninas ficam vestidinhas à sombra- elas também o que querem é manter-se o mais branquinhas possível); as dos homens só podem ser frequentadas por estes.
Aqui dentro do compound (é o único compound com praia) a vida decorre à europeia por isso vai tudo a banhos de bikini

Domingo? Como Domingo, aqui é sexta-feira!
O calendário na Arábia Saudita não é igual ao nosso.
Nós usamos o modelo gregoriano e eles o islâmico (Hijrah)
O Hijrah é um calendário lunar, tem 12 meses (que por ser um calendário lunar não correspondem às estações do ano como as conhecemos) e 354 ou 355 dias (e este ano é o ano 1433 AH).
Na Arábia Saudita a 5ª e 6ªfeira correspondem, respectivamente, aos nossos Sábado e Domingo.

A burqa ou a abaya pode ser usada em cima da pele, só por cima da lingerie?
Não, elas devem ser usadas em cima da nossa roupa do dia-a-dia que pode ser como queiramos (uma vez que não está à vista) desde que tape até aos tornozelos. A pele não deve ficar à vista. As abayas e as burqas não devem deixar nitido o contorno do corpo e como são feitas em materiais muito finos e fluidos sendo usadas só com a lingerie notar-se-ia. Mais, as abayas e as burqas são fechadas na frente com molas e ao sentar e levantar poderiam abrir-se sem querer e isso não seria bom.

Porque é que as lojas não têm provadores e as casas de banho têm dressing room?
Para preservar a privacidade das mulheres e para não facilitar a vida aos homens, as lojas não têm provadores.
É preciso escolher, deixar o dinheiro ou o cartão como garantia e fazer aqueles kms até à casa de banho (lembram-se), para ir experimentar a roupita; depois volta-se à loja e se gostámos e ficou bem pagamos senão devolvemos a roupita e eles deveolvem-nos o cartão ou o dinheiro.

E assim de repente, parece-me que não fizeram mais perguntas!

15 comentários:

  1. Explica-me lá em que século vive a Arábia Saudita? Por momentos pensei que tivesse a ler um "Amor de Perdição" ou um conto da época dos reis, ou até do tempo dos Hobbits!

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  2. mas vives ai? ou só tas de passagem?

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  3. Estou esclarecida...mas quando voltas?

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  4. Tanta coisa que eu desconhecia...

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  5. Querida Sexa:
    Já sabia uma ou duas dessas coisitas admiráveis da cultura deles (grande ironia aqui :D), mas foi giro ler o resto! O teu relato é factual e desapaixonado, mas diz-me: a sério que não te faz impressão toda essa repressão sobre as mulheres? De certeza que levas as coisas de ânimo leve, de contrário ser-te-ia difícil, não?
    Beijinhos

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    1. Claro que não é fácil Miú...mas sou eu quem está na "casa" deles e da mesma forma que quando somos convidados para casa de alguém não desfeiteamos as pessoas e não questionamos a forma como gerem a sua própria casa assim é também aqui; se eu vejo repressão? Não.
      Elas usam orgulhosamente as suas abayas e niqabs e, tal como aqui já foi referido, a identidade de cada uma delas está asseguradissima (mais iguais andamos nós aí com as Zaras e afins.
      Ao contrário de algumas cenas a que assisti já em portugal e noutros sitios nunca aqui vi nenhum homem falar mal a uma mulher e é notório o sorriso na voz e nos olhos quando conversam. Mesmo sem perceber a língua percebemos no tom baixo e cordato que existe entendimento. Não te digo que não exista repressão (as mulheres não podem conduzir ou sequer fumar em público - as sauditas) mas começam a ingressar no mercado de trabalho agora. Fora das cidades e em zonas de pobreza é que ainda se ouvem barbaridades. As coisas estão em transformação, mas lentamente.

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    2. Obrigada POC.
      Disse apenas a verdade :)

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  6. Minha doçura, realmente saber ensinar é uma arte, mas aprender vindo de ti embeleza-a ainda mais. Obrigada pelo saber que partilhas. um bem haja para ti minha modelita.

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  7. Gostei das explicações.
    Eu não sou católica, mas não gosto de ver as pessoas a entrarem nas igrejas de calções curtos e ombros à mostra. Temos que mostrar respeito mesmo que não se concorde com as crenças, religiões e regimes. Só assim é que os outros nos respeitam.

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    1. Quem quer respeito dá respeito!
      É isso mesmo!
      :))

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  8. Gostei das explicações.
    Dou um exemplo: Eu não sou católica, mas acho que é falta de respeito entrar numa igreja de calções curtos e de ombros à mostra. Mesmo que não concordemos com determinadas crenças, religiões e alguns regimes, temos que os respeitar, principalmente se estivermos "na casa deles". Só assim podemos exigir respeito dos/aos outros.

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  9. Obrigada Mafarricas dos Santos Amén (ai o que adorei este nome ahahahahaha)

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