Bom dia...

Estou cá desconfiada que o campo não me dá saúde nenhuma...
Por volta das duas da manhã, aproveitava eu uma pausinha dos senhores grilos aqui da terra e começava a entregar-me nos braços de Morfeu, eis senão quando a bicha cadela, também conhecida por Mel, faz "Buf" (o som mais parecido que ela tem para aquilo que os outros cães fazem e que se chama ladrar); não contente com o "Buf", levanta-se a resmungar (não sabe rosnar, é uma pena), Grumpf para a direita, cabeça e orelhas no ar, Grumpf para a esquerda e lá vai ela escadas abaixo, agitadissima.
Levantei-me de salto e zunga atrás dela!
A bicha pára-me na porta, em posição de perdigueiro (mas ao contrário que ela só levanta a pata de trás, enfim...) eu chamo baixinho, ela corre para a porta do patio, grunfando sempre, pendura-se na janela...
a esta altura do campeonato eu já tinha percebido a mensagem; anda alguém lá fora, a rondar a casa.
Oh meu Deus pensei eu, enquanto o sangue se me gelava nas veias!
Nem um homem em casa; filhinho na feira medieval, combatendo nas justas, Mais Que Tudo a caçar mamutes lá mais para o Oriente, e eu sozinha aqui!
Ainda se este bicho tivesse assim a modos que um bocadinho de agressividade, mas não, ali andava ela da janela para a porta e de uma porta para a outra abanando a cauda, contentinha da vida como se quem estivesse lá fora fosse o Pai Natal com um saco de Pedigree Pal!
E foi neste momento, e lamento muito desiludir-vos, que ao invés de agarrar o maior facalhão que tenho em casa, ou pelo menos o cabo da esfregona... eu me pus a cantar (Deus, como eu canto mal)!
Sim, a cantar, divertidissima!
Lembrei-me de repente de um ensinamento do meu pai quando eu era pequenina; dizia-me o meu pai à data, que se um dia estivesse sozinha em casa e ouvisse alguém, devia cantar e falar (sozinha) como se estivesse com ele.
E assim fiz; cantei a plenos pulmões (podia ser que a GNR acudisse) e chamei pelo Mais Que Tudo para vir cá abaixo ver uma coisa engraçadissima.
Falei e falei (o coração a bater-me nas orelhas), e cantei e cantei (com a vistinha a tremer) enquanto me aproximava da janela (em grande angustia e de joelhos moles) para de repente, abrir a cortina e ver...um gato!
Um sacana de um gato!
Um gato amarelo, com o pêlo todo despenteado, de olhos esbugalhados, mais apavorado do que eu, quiçá por ter pensado que nesta casa se estavam a esfolar gatinhos (era eu a cantar).
Mal preguei olho o resto da noite...