Balanço

Quase a fazer 45 anos!
Faço um balanço e apesar dos altos e baixos, dos momentos menos bons, das lágrimas e por aí, os momentos bons foram mais, e maiores, os sorrisos foram muitos e o balanço é altamente positivo.
Muitas vezes me reinventei e cheira-me que ainda vou ter que o voltar a fazer; muitas vezes me questionei e cheira-me que ainda terei de o fazer mais vezes; tantas vezes olhei para trás, apenas para ter a certeza de que o caminho era em frente; e foi!
Disse adeus a tanta gente; amigos que ficaram pelo caminho (a alguns custou muito deixá-los ir), amigos que partiram antes do tempo (ainda dói a falta deles), família que me espreita das estrelas (tanta saudade...), mas disse também olá a gente que foi chegando e ficando, e tornando a vida melhor.
Chegada aqui relativizo melhor (mas ainda não de forma perfeita), caio, mas levanto-me mais rápido, enfureço-me mas dura cada vez menos tempo e, o que é melhor, não tenho ódios nem de estimação ou de outros.
Chego aqui empoleirada nos ombros de gigantes; gigante o meu pai que continua a fazer-me rir, gigante o meu filho que me sorri logo pela manhã e continua dia fora, gigante o meu marido que me ama EXACTAMENTE como eu sou, com o bom e o menos bom e me o diz milhões de vezes ao dia; gigantes as minhas mulheres, a minha mãe que me amola e esgota a paciência, mas em cujos braços eu continuo a caber direitinho e que é um exemplo de resiliência, gigante a minha irmã que não baixa a guarda e acredita, gigante a minha sogra que sabe e me ensina que a distância não existe para quem ama.
Por isso chego aqui, sem saber como, ainda no outro dia eu era pequenita, mas mais forte.
Chego cheia de amor, sentada num tapete mágico e bem acompanhada.